|| Baobá-Brasil || Moda Afro Urbana ||
Filha de militantes do movimento negro e de mulheres, Tenka Dara Pinho Silva se formou em Artes Cênicas e Comunicação, mas foi na moda que encontrou um dos seus principais instrumentos de resistência e de luta.
A jornalista paulistana fez sua primeira visita à Moçambique em 2005 e foi lá que sua trajetória profissional tomou um rumo transformador. Em Maputo, no convívio com as pessoas e culturas, sua percepção sobre o continente africano foi reconstruída e ressignificada.
Durante sua estadia foi descobrindo que, a partir do diálogo entre culturas milenares e um mundo moderno, borbulhava uma África contemporânea, permeada pelas mais diversas influências. Nas ruas da capital moçambicana, uma imensidão de culturas, cores e estilos faziam de muros, cabelos e roupas, verdadeiras manifestações artísticas.
Com a estética africana se tornando sua maior referência artística, ela trouxe diversas capulanas para o Brasil, com o intuito de produzir roupas próprias. Esse tecido multifuncional, estampado com padrões africanos, vem sendo tradicionalmente usado há muitas gerações como forma de expressão por mulheres em diversos países daquele continente.
Logo, outras pessoas começaram a se interessar pelas peças e a procura pelas roupas feitas com capulana fez com que a multiartista descobrisse o enorme vazio existente na moda brasileira. Muitas mulheres buscavam roupas que valorizassem sua estética curvilínea e tivessem como referência as suas raízes culturais.
Em 2006, a Baobá-Brasil teve sua semente plantada em solo fértil. Tendo como referência o Baobá, árvore africana milenar que representa a sabedoria ancestral, a marca carrega esta simbologia para o cenário urbano. As capulanas permanecem como sua matéria-prima principal na criação de roupas e acessórios.
Majoritariamente produzida por mulheres na força de um coletivo, a Baobá veste, embeleza e fortalece um corpo de luta. Mais do que sobre tendências, fala de trajetórias de conquistas políticas e sociais que antecedem a sua própria história.
Usando a moda como ponte de conexão ancestral, as mulheres deixam um pouco de si na Baobá e levam um pouco da Baobá em si.